Em algum momento de sua vida você tem que morar em Nova York, mas vá embora antes que ela o torne uma pessoa seca demais. Você também tem que viver por um tempo em San Francisco, mas deixe-a antes de tornar-se um mole.
Nada como divertidos estereótipos... O dito popular norte-americano que brinca com a diferença entre os estilos de vida da pulsante Costa Leste e o relaxado norte da Califórnia tem um quê de verdade. Pode até ser um pouco exagerado, mas todos sorriem ao ouvir a brincadeira. Menos os nova-iorquinos, é claro.
Ao longo da história, a missão jesuítica de San Francisco foi espanhola, mexicana e americana. É provavelmente a mais chinesa das cidades dos Estados Unidos, a mais gay, a mais hippie. Em toda a região da Bay Area e do Silicon Valley estão os descendentes dos homens e mulheres que participaram da Corrida do Ouro e os nerds e geeks que aqui encontraram porto para se vingar dos yuppies e revolucionar o mundo com suas maravilhosas invenções – Google, Apple, Pixar. Tanto como Manhattan, a fauna humana daqui é diversa e colorida (amarelos, negros, brancos, vermelhos e os que carregam as cores do arco-íris). Mas pela gelada baía há mais sorrisos descontraídos.
Ao invés da sisuda Brooklyn Bridge, a esbelta e elegante joia art-noveau da Golden Gate Bridge. No lugar dos arranha-céus qual colunas góticas, coloridas casinhas de madeira, no kitsch estilo vitoriano. Nada de insossos hot-dogs e bagels, mas deliciosos frutos-do-mar e pães da padaria Boudin. E, para escrachar de vez, nenhuma estátua monumental com cara amarrada deu as boas-vindas aos seus imigrantes, mas sim um bando de bonachões leões-marinhos. É, realmente, o pessoal da Bay Area não tem nada a ver comNova York. Acompanhe-nos agora em nossas 48 Horas em San Francisco.
Dia 1
A gente nunca sabe como o céu amanhecerá em San Francisco. Ele quase com certeza estará envolto em cerração, mas quem garante que não haverá um glorioso dia de sol?
Seja como for, pegue seu bondinho em Downtown rumo a Fisherman’s Wharf para seu primeiro passeio pelas ladeiras da cidade.
No histórico Pier 39 ou na Ghirardelli Square você encontrará uma variedade enorme de lojas, cafés e restaurantes. A dica é não seguir regra alguma, entrando nas casas que mais lhe atraírem. O que não pode passar em branco é uma pausa na histórica padaria Boudin. Aqui pães recém-assados, soltando aquele tentador vaporzinho ao serem partidos, voam em cestos presos a trilhos sobre a cabeça dos clientes. Faça seu café da manhã aqui, antes de partir para um curto cruzeiro da Blue & Gold Fleet, tangeando a ilha de Alcatraz e passando por baixo da ponte Golden Gate. Se o tempo estiver bom, será um passeio muito, muito agradável. Se o tempo estiver ruim, serão algumas horas para checar do que é feita tanta neblina.
Os bondinhos que sobem e descem as ladeiras de San Francisco são uma atração a parte. Ao fundo, a ilha de Alcatraz. Crédito: Justin Suliivan/Getty Images
Se quiser conhecer o presídio mais famoso dos Estados Unidos, “residência” de celebridades do crime como Al Capone e “Machine Gun” Kellly, embarque numa das excursões da Alcatraz Cruises, com guias com vasto repertório de histórias sobre mirabolantes planos de fuga e seus presos famosos. Os passeios noturnos estão entre os favoritos dos visitantes de Alcatraz, desativado em 1963 e desde então parte de um Parque Nacional.
Passe a manhã toda por aqui, sem pressa e apreciando os leões-marinhos e gaivotas que brincam com os turistas.
Quando a fome bater, experimente alguns restaurantes e bistrôs da área, servindo pratos como espaguete a marinara, sopa de caranguejo, lagostas na brasa ou camarões na chapa. Mesmo casas simples servem porções fartas a preços justos.
Se o dia realmente estiver claro, vamos aproveitar para andar mais. Pegue os ônibus 47 e depois o 21 para conhecer um dos ângulos mais batidos – e encantadores da cidade. A Alamo Square é uma praça quadrada na parte alta de San Francisco e de lá descortina-se o skyline de downton, emoldurado pelas casinhas vitorianas do perímetro. Sente-se no gramado ou num banquinho, tome seu café de copo descartável e atualize seu diário de viagem apreciando a paisagem. O curioso é que, apesar de ser um lugar famoso, quase não há turistas por aqui.
A uma curta caminhada dali fica o epicentro da contracultura dos anos 60, Haight and Ashbury. A paisagem atual é um pouco decadente, um simples cruzamento de ruas repleto de tiozinhos gordos e barbudos e vovós que se divertiram bastante na esteira da pílula anticoncepcional. Mas não se engane, muito do espírito lisérgico daquela época ainda vive sob estas peles enrugadas. O distrito tornou-se um bastião para a diversidade sexual e étnica e alternativa para as tribos que viviam à margem do American way of life. Lojas bacanas com discos antigos, casas vitorianas como a Richard Spreckels Mansion, o vizinho distrito de Castro e o Buena Vista Park – de onde se tem, oh, belas vistas – são alguns dos locais que te farão passar uma ótima tarde.
As vistas de Alamo Square, com suas casinhas em estilo vitoriano, são arrebatadoras. Crédito: KPTripathi/Wikimedia Commons
Dia 2
San Francisco foi a capital do mundo alternativo americano por décadas. Uma das consequências de haver tantos hippies no pedaço foi a multiplicação de fazendas de alimentos orgânicos na região. Boa parte da produção abastece alguns bons restaurantes da Bay Area, mas o consumidor comum terá acesso a ótimos cogumelos – para comer, não para fazer chá –, frutas, castanhas e compotas no mercado do Ferry Terminal. Este belo edifício, por décadas escondido num emaranhado de “minhocões”, tornou-se o marco iconográfico da região quando estes foram abaixo. Seus cafés e restaurantes são uma boa pedida para começar bem o dia.
Faça então uma caminhada ao sul da Market Street, visitando o agradável Yerba Buena Gardens e o San Francisco Musem of Modern Art. Entre as obras de Matisse, Hockney e Diego Rivera está o ótimo Caffè Museo, ideal para uma pausa.
Como curiosidade, próxima dali encontra-se o Yerba Buena Center for the Arts, local usado pela Apple para lançar produtos como o iPad e iPod.
Projetado pelo ganhador do Pritzker Fumihiko Maki, o Yerba Buena Center for the Arts tem uma eclética agenda de artes performáticas, dança e música. Crédito: Mike Turner/Wikimedia Commons
Hora de comer, momento ideal para explorar uma das mais antigas Chinatowns dos Estados Unidos. Nas imediações da Stockton Street estão restaurantes com as mais distintas vertentes da cozinha oriental: cantonesa, fujian, sichuan e por aí vai. De legumes passados no wok ao pato de Pequim, de felizes dim-suns ao macarrão frito de cada dia, não será aqui que você passará fome. Depois, é só fazer a digestão circulando pelas ruas por onde passeava Bruce Lee – o filho mais famoso do bairro – e por entre as lojas da Grant Avenue. Se estiver interessado sobre a história da comunidade sino-americana, visite o interessante Chinese Historical Society of America Museum.
Em San Francisco, é possível ir da China ao Japão de ônibus, em pouco mais de 20 minutos. É só tomar o coletivo 1 e descer no centro da comunidade nipônica, Japantown. Os membros desta acabaram se espalhando por outros bairros, mas seu comércio manteve-se por aqui. Ao redor e dentro dos edifícios do Japan Center estão restaurantes, livrarias e lojas com quimonos, artesanato e cerâmicas de ótima qualidade. Na pracinha central estão cerejeiras e um pitoresco pagode dedicado à paz. Antes de escolher seu lugar para jantar (opções é que não faltam), dê uma passada na confeitaria Benkyodo, onde doces típicos são produzidos à perfeição. Diz a lenda que daqui saíram os primeiros biscoitos da sorte, com sua casquinha crocante e mensagens enigmáticas. Ou seja, o que você pensa que é chinês na verdade foi criado por um japonês, numa padaria americana. Só mesmo em San Francisco...
Cada esquina e beco de Chinatown é uma divertida surpresa. Crédito: Justin Suliivan/Getty Images
Roteiro de uma semana em San Francisco e região:
Dia 3: reserve o dia para conhecer o Golden Gate Park, com seus belíssimos jardins – não deixe de passar no Botanical Gardens e no Japanese Tea Garden – e museus bacanas como o California Academy of Science e o De Young Memorial Museum. Depois, vá jogar frisbee na praia Baker Beach.
Dia 4: visite o excelente Asian Art Museum, com mais de 15 mil objetos dedicados à cultura e arte de Coreia, Japão, China, Sudeste Asiático, Pérsia e Índia. Depois, faça um passeio por Pacific Heights e faça uma foto em Lombard Street, a autodenominada “a rua mais torta do mundo”.
Dias 5 e 6: pegue o carro, atravesse a ponte Golden Gate e explore as vinícolas de Sonoma e Napa Valley. Divida a direção com alguém para a diversão ser coletiva.
Dias 7: já que está por aqui, não deixe de visitar a incrível floresta de sequoias de Muir Woods National Monument ou a bela costa de Point Reyes National Seashore. Na volta, tenha um jantar em Sausalito, com belas vistas de San Francisco.
Fonte: Viageaqui.abril.com.br
2 comentários:
Olá, tenho 1 dia em San Francisco apenas, pois estarei de passagem para Mammoth e gostaria de uma indicação de qual a melhor região para eu me hospedar. Obrigada Amanda
Olá Amanda.
Uma região bem movimentada é a Union Square. Existem diversos hotéis, lojas e restaurantes nessa área. O bonde passa por lá. É um lugar turístico.
A região do Golden Gate Park também é interessante.
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